quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Patrícia Pillar x Câncer de mama


'Uma atriz bela e famosa resolve tornar pública uma luta que outras mulheres enfrentam caladas: ao revelar sua batalha - felizmente bem-sucedida - contra um câncer no seio, Patrícia Pillar dá um belo exemplo. A atitude da atriz serve para chamar a atenção de milhões de brasileiras para a necessidade de um gesto extremamente simples que pode salvar vidas: o auto-exame do seio.

"Eu acho que desmistifica, eu acho que esclarece muita coisa. Sabe, a gente acaba tratando isso como se fosse uma coisa incurável e em muitos casos é curável", conta Patrícia Pillar, que preferiu não gravar para a TV, mas, em entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, da revista "Época", falou sobre a doença:
"Foi num auto-exame, eu percebi que tinha um nódulo, uma coisa mais durinha no seio e no dia seguinte eu fui ao médico”.
Três dias depois, a atriz já se submetia a uma operação para a retirada do tumor. Agora, está fazendo quimioterapia preventiva, para que a doença não volte. E enfrenta todas as dificuldades com objetividade: até já cortou os cabelos curtos.
“Cortei curtinho porque vai cair alguma coisa e cair do cabelo comprido é muito chato. Então é melhor estar curtinho. Eu acho que é muito ruim numa hora dessa, de uma adversidade, de um problema, uma coisa ruim que te aconteceu, você ficar remoendo certas coisas. Ai, o cabelo! Aí fica apegada àquele cabelo. Não tem a menor importância”.
A coragem e a objetividade que fizeram Patrícia procurar o médico imediatamente e logo se submeter à cirurgia são fundamentais para o tratamento.
Se você detecta no início, as suas chances são imensas. Hoje em dia a medicina está muito avançada”, diz Patrícia.
O caso de Patrícia se inclui em estatísticas que não páram de crescer. São 30 mil novos casos de câncer de mama no Brasil por ano, 82 por dia, mais de três por hora. Nos últimos 20 anos, o número de casos da doença cresceu 68%.
Morrem no Brasil cerca de sete mil mulheres por ano de câncer de mama. Isso dá quase uma morte por hora de câncer de mama no Brasil. E se as mulheres fizessem uma coisa muito simples, que não custa e que é disponível, que é o auto-exame, esse índice de mortalidade seria reduzido em mais da metade”, explica Alfredo Barros, presidente da Federação Latino-Americana de Mastologia.
Infelizmente, 65% dos casos diagnosticados no Brasil já estão em estágio mais avançado, quando os tumores já têm pelo menos cinco centímetros de diâmetro.
No Brasil poucas pessoas têm acesso, poucas pessoas têm acesso à mamografia, poucas pessoas têm acesso a um bom médico, poucas pessoas têm acesso a um aparelho. É uma diferença entre você viver e você morrer”, opina Patrícia.
A taxa de detecção precoce do câncer é de até 90% nos Estados Unidos e na Europa. Para chegar ao índice dos países mais desenvolvidos, a primeira coisa que o Brasil precisa é de mais mamógrafos. “As estimativas são de que a gente dispõe hoje no Brasil de 700, 700 e poucos aparelhos de mamografia. A necessidade ideal seria muito superior a isso. Seria em torno de uns 3 mil mamógrafos”, diz Alfredo Barros.
E o que é pior: dos míseros 700 aparelhos que temos, apenas cerca de 120 estão na rede pública, no SUS.
“Me dá aflição pensar que alguém tem um problema e não pode fazer exames. A gente, graças a Deus, pôde fazer tudo isso”, conta a bibliotecária Maria Ângela Pereira.
O exame feito pelo mamógrafo é capaz de detectar tumores a partir de um milímetro de diâmetro. Mas, como a saúde das brasileiras não pode esperar, toda mulher deve fazer como Patrícia Pillar: fazer o auto-exame e, na seqüência, ir falar com o médico.
A mulher que normalmente faz o auto-exame quando descobre o tumor ele tem cerca de dois centímetros, o tamanho de uma azeitona. Nesse caso, as chances de cura são de 80%. Mas normalmente ela descobre mesmo é por acaso. O marido que descobre na hora de uma carícia, o massagista na massagem e aí o tumor já tem cerca de seis, sete centímetros, do tamanho de um limão. As chances de cura nesse caso caem para 50% e fatalmente essa mulher vai perder sua mama.
De cada dez mulheres que aprendem a fazer o auto-exame, apenas sete o fazem regularmente durante o primeiro ano. Depois de um ano, só três continuam a fazer. Portanto, mulheres, vamos ao toque!
Além do auto-exame, toda mulher a partir dos 40 anos deve fazer uma mamografia todos os anos. E se a mãe, avó ou irmã teve ou tem câncer de mama, a preocupação deve começar mais cedo.

“Eu não só fazia auto-exame, como fazia, pelo fato de minha mãe ter tido câncer de mama, eu fazia mamografia, eu fazia o controle anual. E foi num desses exames que foi localizado o nódulo”, revela a professora Lucilene do Amaral Ferreira.
Como todas as mulheres que sofrem dessa doença, a atriz Patrícia Pillar está se submetendo a sessões de quimioterapia, que provoca queda de cabelo, enjôo e outras reações. Mas por enquanto esta é a única maneira de tentar garantir que o câncer não volte.
"A quimioterapia é outro fantasma. Para mim, eu achei que eu fosse passar muito mais mal. Dá um enjôo, dá uma moleza, dá uma fraqueza uns dois dias e meio, três dias e acabou. Você fica normal”, explica Patrícia Pillar.
Se fosse possível fazer um teste para descobrir quais são as mulheres com risco de uma recaída do câncer de seio, a maioria das pacientes não precisaria passar pela quimioterapia. A criação desse teste ficou mais perto de se tornar realidade com uma pesquisa anunciada esta semana.
Pesquisadores da Holanda e dos Estados Unidos criaram uma técnica para testar os genes de mulheres com câncer no seio. É uma plaquinha de vidro, um chip que testa a presença de 25 mil genes na pessoa examinada. Os pesquisadores encontraram 70 genes presentes nas mulheres com reincidência do câncer de seio. Mais pesquisas serão feitas para comprovar se esses 70 genes são mesmo responsáveis pela volta do câncer.
Segundo os médicos, este pode ser o início de uma revolução no tratamento do câncer de seio. Se a pesquisa for confirmada, dentro de alguns anos poderá ser criado um teste seguro para descobrir quais são as mulheres que precisam se submeter à quimioterapia após a retirada de um tumor no seio. Como a ciência nunca poderá dar uma garantia de 100%, o melhor a fazer ainda é prevenir.
“Você diminui os fatores de risco se a mulher não for uma mulher obesa, se ela praticar esportes, se ela evitar uma dieta gordurosa, se ela comer verde, principalmente soja e derivados”, receita Alfredo.
“A mulher no seu dia, na suas atribuições, ela deixa para ser mãe numa idade mais tardia. Isso é um fator de risco para a mulher, porque enquanto a mama não trabalhar do ponto de vista glandular, ela fica imatura e suscetível a todas as atuações de todos os fatores de risco”, explica Pedro Ormonde, diretor do Hospital do Câncer (Inca).
Mais do que tudo, a mulher tem que saber que câncer de mama tem cura e o auto-exame pode salvar seu seio e sua vida.
“Todo mês ela tem que fazer seu auto-exame porque se ela deixar de fazer por seis meses, ela perdeu esses seis meses. O auto-exame vale a vida dela, porque se o câncer for detectado logo no início, é uma cirurgia como a nossa, muito simples”, conta a professora Lucilene.
“É uma sorte muito grande eu ter vencido o meu medo e ter esse hábito de fazer o auto-exame, sempre com medo. Mas o que eu posso dizer é que é muito melhor vencer o medo, porque se encontra no começo você mantém sua mama, a cicatriz é pequena, a sua chance de recuperação é imensa”, revela Patrícia.
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Faça o auto-exame, não corra esse risco!
Beijos...
Estudantina. ;)